A Farmácia do Ambrósio é, sem dúvida, um dos bares mais diferenciados
de Imperatriz. As cores, a variedade e o nome do bar e das bebidas chamam a
atenção do público. Duas mulheres sentam. Uma sorri maliciosamente para outra e
diz: “O que vai ser hoje? ‘Pau de Jumento’?”, e caem na gargalhada. Calma,
leitor! Não é nada disso que você está pensando. As moças falavam de uma bebida
feita a partir da raiz de uma planta.
Ao contrário das “farmácias tradicionais”, lá são vendidas bebidas feitas
de ervas, animais ou frutas. A lista de nomes exóticos é grande: Leite de Onça,
Pau do Índio, Sete Misturas... No
total, são 388 bebidas que Josimar da Silva, o Ambrósio, fabrica. Serve para as
doenças físicas? Não sabemos. Mas não há dúvida que é um santo remédio para a velha
dor de cotovelo.
Filho de agricultores, Ambrósio veio do Rio Grande do Norte para Imperatriz
quando ainda tinha de 15 anos. “Chegamos aqui em 60, era menino ainda”, lembra.
O bar existe há mais de 20 anos e, no início, era uma mercearia de “secos e
molhados”. “Trabalhava com Damião Benício, foi no tempo da morte do Renato
Moreira. Ele foi preso naquele tempo e eu fiquei parado. E depois fui e botei
um botecozinho”, conta.
“Na frente, tinha um pé de amêndoa, grandão, aí o pessoal disse:
‘Ambrósio, tá bom de tu colocar uma cachacinha aqui para nós’. Fiz meio mundo
de raizada, era para mais de 100 tipos. Em cada qual colocava o nome. Fui indo, fui indo... Daí chegou um cliente:
‘Ambrósio, tá bom de tu mudar essas pingas’. Perguntei: ‘Como, rapaz?’. Ele
disse: ‘Faz de fruta’”, acrescentou.
A primeira foi a de Cajá com Mel. “Pois não é que eu passei no teste?!
O pessoal começou a dizer que a cachaça tava boa”. Em seguida, vieram os outros
sabores, todas as receitas criadas por ele. Os ingredientes vão desde fruta,
mel e refrigerante. “Água não coloco de jeito nenhum, que dá cirrose no povo”,
diz.
De acordo com Ambrósio, o nome do bar foi sugerido pela gerência da
Pirassununga. “Veio o pessoal aqui. Foi o Zeca Tocantins que trouxe. Filmaram
tudo, pintaram e colocaram o emblema da 51. Foram eles que disseram que o nome
seria Farmácia do Ambrósio e assim está registrado”. Os pacientes, ou
consumidores, como queira chamar, são diversificados. “É doutor, é engenheiro,
é promotor, é juiz, é pobre, é rico. É só gente especial, aqui não vem ninguém
nojento”, retrata.
O bar é aberto todos os dias, depois das 18h. “Só abro à noite. De dia,
faço as bebidas. Cada dia faço um sabor”, descreve. A dose, em um copo
americano, é R$ 2,50, e o preço da garrafa depende do sabor e do tamanho, mas a
média é R$ 10.
O estabelecimento fica na rua Delta, entre Rui Barbosa e Barão do Rio
Branco, mas, de acordo com Ambrósio, sua Farmácia já rompeu fronteiras. “Chega
gente perguntando: ‘O senhor que é o Ambrósio? Pois o senhor é famoso e não
sabe, já ouvi falar do senhor em São Paulo”, conta com orgulho.
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